quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Capitão PMAL diretor da Associação dos Oficiais preso por manifestação

 

Autor: Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com


Em Alagoas, os servidores públicos se uniram para reivindicar o reajuste salarial para todas as categorias – inclusive as policiais. Enquanto o Governo alagoano oferece um reajuste de 7%, o movimento dos servidores exigem o dobro – 14% de aumento salarial. Até aí, tudo bem, já que a tensão entre governo e servidores públicos é algo normal em toda democracia.

O problema é que um diretor da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de Alagoas, Capitão PM Marcelo Ronaldson, se manifestou publicamente sobre “seu posicionamento a favor da participação dos militares na escolha do comandante geral da Polícia Militar”,conforme divulgou o site GazetaWeb, e acabou sendo preso por isso:

“O comando é um elo de ligação da tropa com o governo. Ele serve para representar a classe, ajudar a expressar nossos anseios e reivindicações, mas, infelizmente isso não ocorre. O governo promove quem quer. O comandante passa a ser mais um comandado do governador e esquece a tropa em detrimento de benefícios do Executivo” – desabafou o capitão que está detido na academia de Polícia Militar.

Segundo o capitão, a ordem partiu do comandante geral, coronel Luciano Silva. “Legalmente eu não poderia ser preso porque sou diretor da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal) e estava discursando como representante da categoria” – explicou.

Ele ressaltou ainda que em nenhum momento foi ouvido e alegou que sofre perseguições há muito tempo. “Qualquer tipo de lei que fira a constituição não é válida. Tenho férias acumuladas para tirar, mas não me dão. Fui transferido para o interior por lutar por direitos. É perseguição em cima de perseguição. Mas não vou recuar” – finalizou.

Para o presidente da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal), major PM Fragoso, a prisão do amigo foi um ato de arbitrariedade do comando geral da PM. “Acredito que alguém só pode ser preso em flagrante delito. O capitão Marcelo não cometeu nenhum crime. Ele falou como diretor de associação e não destratou ninguém. A Constituição brasileira garante o direito pela liberdade de pensamento e expressão. O tempo da ditadura militar acabou. A liberdade está prevista, inclusive, pelo Ministério da Justiça. Não podemos permitir esse abuso” – disparou o major.

O presidente da associação enfatizou ainda que a atitude mais correta seria abrir um procedimento para apurar as falas do capitão e não ordenar sua prisão de imediato.

Leia mais no Gazeta WEB…

É mais um lamentável episódio em que um policial militar, desta vez um diretor de associação, que supostamente tem a legitimidade de reivindicar melhorias para seus representados, sofre represálias por se manifestar. Mais uma vez, o policial é tratado como um semi-cidadão, sem direito a fala, sem direito à reivindicação de reforma legal.

É a segunda vez que o estado de Alagoas prende um militar estadual por algum tipo de manifestação neste ano. A primeira ocasião se deu quando o Major BM Burity desabafou em frente às câmeras sobre a precariedade da sua corporação. Até quando?

Fonte: AbordagemPolicial

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