domingo, 1 de setembro de 2013

A balança da motivação policial


Por: Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com


Existem vários discursos em relação à doação que cada policial deve admitir em relação ao trabalho. A depender da carreira policial de cada indivíduo, dos grupos a que pertence, da atividade que desempenha, sua motivação pode chegar ao máximo desejado até o total desprezo às necessidades corporativas.

Observando estas variações, surge a necessidade de refletir sobre alguns pontos:


A desmotivação conveniente

Conheço policiais que praticamente não enxergam algo de positivo na organização que trabalham. Mesmo a mais bem intencionada e beneficente medida que seus chefes adotam servem ao achincalhamento e negativação. Com esta rechaça a tudo que é institucional, justificam para si mesmos a desídia em sua atuação: omitem-se, escondem-se e até desfazem dos propósitos profissionais.

Ao que parece, muitas distorções costumam se assentar em ambientes onde a ignorância a certas regras se faz comum. Com isto quero dizer que tomar como errôneos certos mandamentos institucionais como se fossem uma condenação a todas as suas práticas é justamente fazer crescer o que é digno de repulsa. Pressupor negativamente algo ou alguém é condená-lo previamente ao negativo, hábito bem conveniente aos preguiçosos.


A motivação perigosa

Por outro lado, há certas motivações que devem ser cuidadosamente esmiuçadas. Primeiro, a motivação acrítica, que ignora as implicações e complicações que podem ocorrer após o ímpeto de fazer o certo. Se é absurdo viver em estado de paralisia institucional, é perigoso tornar-se o “bom soldado”, que executa ordens irrefletidamente, sem entender as variáveis no contexto em que a missão deve ser cumprida.

Do mesmo modo, é bem possível que, mal intencionadamente, alguém queira fazer do policial mera massa de manobra, expondo a vida do sujeito a complicações. Há muita gente que manda sem ter capacidade, coragem e ingenuidade de cumprir tal ordem.


A balança motivacional

Cremos que é possível um meio termo entre esses extremos, situado entre a completa omissão e pessimismo sobre as possibilidades profissionais e a adesão inconsciente a práticas que podem ser trágicas para o indivíduo e a própria instituição.

Uma pergunta poderia ser feita por todos os policiais: o que eu poderia fazer de melhor profissionalmente, orientando a organização em que trabalho para algo positivo? O que eu deveria deixar de fazer, dado que esta prática tem efeitos perversos para a polícia e a sociedade? Sempre há uma boa resposta a ser dada…

Fonte: AbordagemPolicial

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