
Por: Marcilio Reis
Comemoramos no dia 07 de setembro deste ano, o 188º ano da Independência do Brasil. Momento oportuno para refletirmos o quanto essa data representa para nós, brasileiros. Quando essa reflexão ocorre, de maneira profunda e extremamente crítica, orientada por uma visão revestida de anseios de igualdade e democracia, certamente não ficamos tão eufóricos com esse fato. Isso em virtude dos acontecimentos políticos, econômicos e sociais que ocorrem no nosso país.
Indiscutivelmente, quando o Brasil deixou de ser colônia da metrópole portuguesa em 1822, o país teve uma relativa autonomia no que diz respeito a soberania territorial. A monarquia teve um papel decisivo para o estabelecimento e a consolidação da soberania nacional. A partir do momento que se mostrou disposta a enfrentar qualquer tipo de invasão estrangeira. Isso ocorreu, obviamente, não por pura bondade, mas por interesses próprios, difusos da verdadeira independência pretendida pelo o povo brasileiro.
A independência do Brasil foi a culminância de um processo que se iniciou no século XIX, em 1808, com a vinda da família real. De imediato, tomou a decisão de abrir os portos do Brasil às nações amigas. Na época, existiam muitos interesses em jogo. De um lado o partido português e do outro o partido brasileiro. Na Europa ocorria a Revolução das Cortes, que estabelecia o modelo republicano nos países europeus, deixando de lado o modelo monárquico absolutista. O ideal do período era redistribuir a Europa e acabar com os ideais absolutistas.
Dom Pedro I, diante do risco de retornar para Portugal e não mais assumir o trono em virtude dos ideais republicanos europeus e das diversas solicitações redigidas por José Bonifácio para que ficasse no Brasil, decretou no dia 09 de janeiro de 1822 o “Dia do Fico”. Assim confirmou a sua permanência no Brasil. No dia 07 de setembro de 1822, decretou nas margens do Rio Ipiranga “Independência ou Morte”, após os diversos acordos realizados com a elite aristocrática do momento. O povo não teve nenhuma participação neste episódio. No mês de dezembro de 1822, D. Pedro foi declarado imperador do Brasil.
Os primeiros países que reconheceram a independência do Brasil foram os Estados Unidos e o México. Portugal exigiu do Brasil o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas para reconhecer a independência de sua ex- colônia. Sem este dinheiro, D. Pedro I recorreu a um empréstimo da Inglaterra. Embora tenha sido de grande valor, este fato histórico não provocou rupturas sociais no Brasil. O povo mais pobre sequer acompanhou ou entendeu o significado da independência. A estrutura agrária continuou a mesma, a escravidão se manteve e a distribuição de renda continuou desigual. A elite agrária, que deu suporte a D. Pedro I, foi a camada que mais se beneficiou. Que independência foi essa? A quem interessou esse tipo de independência?
Então, diante dos acontecimentos históricos que marcaram a decretação da Independência do Brasil e, sobretudo, diante dos fatos negativos atuais que permeiam a política, a economia e o social, é que sociólogos bem conceituados e transparentes, a exemplo do Lucio Castelo Branco, da UNB, coloca água no “chopp” daqueles mais eufóricos por essa data comemorativa.
O que mais queremos é a Independência não só do Brasil, mas sobretudo das classes sociais através do exercício da igualdade.
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