sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Tenente-coronel denuncia retaliação na PM

Tenente-coronel Vasco Jones: “A política não pode interferir na parte interna da corporação”

VANESSA LIMA

O tenente-coronel Vasco Jones afirma que está sofrendo retaliações e assédio moral dentro do Comando da Polícia Militar. Depois de denunciar a situação crítica de destacamentos, pelotões e casas de apoio aos policiais no interior do Estado, o oficial disse que vem sendo tachado de “oposicionista” e não foi promovido a coronel por perseguição.


Lotado no cargo de ajudante geral, ele explicou que tudo o que acontece na corporação deveria passar por ele. Mas desde março, após a publicação da matéria na imprensa, a situação é outra. “Sou como se fosse o prefeito do quartel. Tudo deveria passar por mim. O comandante despachava comigo, mas isso não ocorre mais. Ele despacha com terceiros”, destacou o tenente-coronel.

Uma suposta filmagem feita do oficial no comício do adversário nas eleições do governador Anchieta Júnior (PSDB) seria o motivo de o militar não ter recebido promoção, o que já era certo, segundo ele. Já que o critério é merecimento, o próprio chefe do Executivo teria prometido a vaga.

Nem mesmo os 30 anos de corporação, sendo o tenente-coronel o mais antigo do quadro da PM, foram levados em consideração. “Esperava profissionalismo por parte do comandante-geral. A política não pode interferir na parte interna da corporação. Eu e outros tachados como de oposição sofremos essa perseguição injusta”, declarou o oficial.
Na lista de pontuações, onde consta todo o desempenho do militar, suas capacitações, capacidade física e outros, o tenente-coronel Vasco ficou em terceiro para receber a promoção. Todo o detalhamento das pontuações, que foi requerido pelo oficial, está na ata de reunião da Comissão de Promoção, composta pelo comandante-geral da PM, sub-comandante-geral e por mais dois oficiais escolhidos pelo superior.

O tenente-coronel Vasco denunciou vícios no andamento do processo. Segundo ele, um dos convocados para compor a comissão era um dos que concorriam à promoção e o outro era irmão também de um militar cotado para subir de patente. O primeiro se absteve de votar e o outro só não avaliou o desempenho do irmão, mas pontuou o restante dos concorrentes.

“Está tudo viciado. A forma que essa promoção foi feita é imoral e irregular. Toda essa situação fere o princípio da legalidade, moralidade e impessoalidade. Dei ciência dos fatos ao Ministério Público de Roraima e à Ordem dos Advogados do Brasil”, destacou ao frisar que deveria haver uma auditoria na PM para averiguar todas as denúncias feitas pela imprensa.

Condições do prédio são precárias, diz oficial

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Oficial afirma que instalações que ficam aos fundos do prédio do Comando da PM são precárias

O tenente-coronel Vasco Jones denunciou ainda as condições precárias das instalações que ficam aos fundos do prédio do Comando da PM. Segundo ele, os pombos e ratos tomam conta do forro das salas que exalam um forte odor.

Na Corregedoria da PM, por exemplo, é quase impossível ficar dentro da sala. Ele lembrou o caso de um cabo que a família acusa de ter morrido depois de inalar fezes de pombo.

PM – A Folha tentou contato com o comandante da PM, Gleysson Vitória, para falar sobre as acusações, mas não obteve êxito via celular. A assessoria de comunicação do Comando Geral informou que ele estava participando de uma reunião e tentaria contato. Até o fechamento da matéria, às 20h, não houve resposta.

Militares dizem que existe política salarial desigualitária na administração estadual

Os benefícios salariais concedidos aos procuradores do Estado, que tiveram a remuneração elevada ao teto constitucional, e o anteprojeto de lei que ora se discute para elevar o subsídio dos servidores da Polícia Civil a partir do ano que vem, comprometendo 95% do orçamento da instituição somente com pessoal, tem gerado descontentamento em outras categorias que há anos lutam por melhorias salariais.

“Mais uma vez vemos o que ocorreu em 2008, o governo privilegiando uma categoria em detrimento das outras, tudo por questão de conveniência. A situação está difícil para os policiais e bombeiros militares do Estado de Roraima, sempre com a desculpa de crise, de que o Estado está sem dinheiro ou algo assim. O atual governador desdenha da categoria”, desabafou o militar Manoel Nazário Ferreira, membro da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares (APBM).

Ele afirmou que a forma como governo está agindo pode culminar em uma greve geral dos servidores. “Ele [Anchieta Júnior] afirmou várias vezes que teria uma política salarial igualitária, mesmo que ineficiente e injusta, para os servidores e o que vemos é o uso de mecanismos indiretos para encobrir tais aumentos”, destacou Nazário.

Conforme detalhou o policial, a administração pública está comprometendo o orçamento de 2012 a 2014 sem se preocupar com o que diz a legislação. Em 2008, foram concedidos 42% de aumento para a Polícia Civil, e teria prometido dar aumento para os militares a fim de corrigir essa distorção.

“Fica tudo na base da promessa, nada é cumprido. Foi informado que o governo contrataria uma empresa para fazer um estudo e criar uma política salarial igualitária, mas o que a gente vê é que nada disso aconteceu. Continua a mesma política de tratar as categorias de forma desigual. Para os militares e professores não tem conversa de aumento salarial. A única coisa que nos é concedida são os 4,5% referentes à reposição salarial”, disse.

A categoria está organizando uma assembleia geral, ainda sem data definida, cujo assunto será debatido para deliberar o que deverá ser feito no sentido de buscar melhores condições salariais para os policiais e bombeiros militares.

“Caro governador, as categorias estão esperando uma reunião para tratar das demandas e necessidades. Será que o senhor respeitará as demais categorias ou fará de conta que elas nem existem?”, questionou Nazário.

GOVERNO - O secretário de Comunicação, Rui Figueiredo, afirmou existir uma empresa trabalhando em um diagnóstico sobre a estrutura dos cargos e salários da administração pública e disse não haver privilégios de umas categorias em relação a outras.  

Fonte: Folha de Boa Vista

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