Núcleo antiestresse vai atender policiais
O combate à violência policial é um dos objetivos da secretaria de segurança pública
ANDREZZA TRAJANO (FOLHABV)
A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) deve implantar ainda este mês um núcleo antiestresse para tratar eventuais distúrbios provocados pelo exercício da profissão de policiais civis, militares e bombeiros.
O núcleo vai funcionar no prédio da secretaria e contatará com uma equipe multiprofissional formada por 30 profissionais entre psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas e neurologistas.
Nele será executado o Programa de Prevenção e Gerenciamento de Estresse, onde será feito atendimento individual dos policiais, além de pesquisas que identificarão os fatores que desencadeiam a situação de risco emocional vivida por eles.
O núcleo vem em um momento em que aumentam as denúncias de agressão de policiais praticadas contra cidadãos comuns. Desde a institucionalização da Polícia Civil em 2004, 113 policiais foram punidos por conduta inadequada.
Esses procedimentos envolvem advertências, suspensões, exonerações e demissões. São casos que variam do desrespeito à dignidade da pessoa humana, constrangimento, falta de urbanidade à conduta pública e social incompatível com a dignidade do cargo.
A reportagem não conseguiu obter dados junto à Polícia Militar. Na semana passada, um jovem de 20 anos denunciou que foi espancado por policiais. Recentemente um soldado da PM foi condenado a 12,9 anos de prisão depois de ter efetuado disparos contra um oficial.
O corregedor da Polícia Civil, João Luciano de Resende Neto, disse que a necessidade de implantação do núcleo surgiu de um estudo elaborado pela Sesp, em razão de número de ocorrências envolvendo a conduta dos policiais.
O núcleo dará suporte a toda a estrutura da secretaria. Todas as situações que foram encaminhadas às corregedorias serão submetidas à apreciação dos profissionais do núcleo.
“A profissão do policial é muito estressante. Ela requer muitas responsabilidades. E se o policial não tiver uma estrutura forte, acaba envolvendo sua vida pessoal com a profissional”, enfatizou.
PSICOLOGIA – A psicóloga Ruth Albuquerque destaca que o concurso público para policial deve ser mais criterioso, enquanto o curso de formação de policiais deve enfatizar a urbanidade para com o cidadão.
“É preciso deixar de fora o aspecto de uma polícia violenta e agressora e trabalhar um modelo negociador e vigilante. Também é preciso realizar cursos de formação ao longo dos anos, para que os policiais trabalhem os confrontos da profissão, além de realizar alternâncias nos locais de trabalho deles”, pontuou.
Ruth explica que a profissão escolhida por uma pessoa tem correlação com o seu perfil. Mas para a investidura no cargo, alguns critérios devem ser observados, como a avaliação psicotécnica, realizada em concursos de polícias.
“Sou favorável à avaliação psicotécnica. É preciso avaliar psicologicamente uma pessoa que vai exercer um cargo de autoridade dentro da sociedade”, disse.
Quando um candidato ingressa na polícia, segundo ela, ele já indica nessa avaliação possíveis distúrbios que pode apresentar em alguns anos, geralmente casos de violência. Essa agressividade pode ser oriunda do meio social, familiar ou genético. “Se aceitam um policial favorável a desenvolver violência, ele jamais será um negociador ou agirá com cordialidade”, ressaltou a psicóloga.
Fonte: FolhaBV
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