terça-feira, 6 de setembro de 2011

Associados denunciam sucateamento do SAS

Sargento Valdinei de Macedo Braga e a fachada do Serviço de Assistência Social da Polícia Militar

VANESSA LIMA

Estrutura física precária, equipamentos sucateados, quadro de profissionais de saúde reduzido e dívidas. Militares associados ao Serviço de Assistência Social da Polícia Militar (SAS/PM) afirmam que esta é a realidade da entidade sem fins lucrativos, mantida por meio do valor pago mensalmente pelos contribuintes da PM e do Corpo de Bombeiros.


“Em razão de gestões indevidas, hoje estamos com a maioria dos bens do SAS obsoleta e sucateada. Sofás rasgados, o toldo da passarela danificado, ambulância defasada, equipamentos quebrados e enferrujados. O número de médicos está muito reduzido. A deficiência na entidade está prejudicando uma demanda muito grande e os descontos continuam sendo feitos normalmente”, informou o sargento da PM Valdinei de Macedo Braga.

Mensalmente é descontado do salário dos militares associados R$ 70. O policial e mais três pessoas da família têm direito aos serviços ofertados na unidade. Para incluir mais dependentes, é necessário pagar mais R$ 70 por pessoa. Os militares optam por serem sócios do SAS/PM.

“Estamos com um prédio velho e poucos profissionais na área de saúde. O SAS/PM funciona como um posto médico da rede pública, temos que madrugar para pegar uma ficha e ainda às vezes nem conseguimos”, reclamou um militar que prefere anonimato.

A entidade é alvo de irregularidades. O Ministério Público Estadual apura o desvio de R$ 1,4 milhão dos cofres do SAS/PM. O sargento Valdinei disse que sempre existiu dentro da corporação notícia de desvios, mas medidas nunca teriam sido adotadas.

Em um dos casos, em que dois funcionários da PM eram suspeitos de desviar verbas do SAS, ele contou que o Comando da PM abriu processo administrativo para apurar. Até hoje o sargento disse que não houve resultado. Como associado, o militar há anos vem acompanhando a prestação dos serviços e as denúncias sobre a entidade. Documentos comprovam várias das informações repassadas.

“O SAS hoje está agonizando financeiramente. As receitas são menores que suas dívidas. A situação é tão crítica, que médicos foram dispensados e não há dinheiro para manter com qualidade o serviço. As dívidas ultrapassam os R$ 300 mil”, informou Valdinei.

Para a construção de uma policlínica, no bairro São Vicente, a época foi deliberada durante a realização de uma assembleia geral a arrecadação de R$ 10 de cada associado. Segundo o militar, o desconto foi feito por um ano e o valor arrecadado chegou a totalizar R$ 300 mil. Deste valor, apenas R$ 80 mil teriam sido utilizados para a construção do muro no terreno destinado à construção, que hoje está tomado pelo mato. Sobre o restante, a informação repassada é que teria sido emprestado aos sócios do SAS/PM.

Em 2005, o sargento Valdinei participou do Conselho Fiscal da entidade. O comandante, na época, na condição de diretor-presidente do SAS/PM, determinou a elaboração de um relatório circunstanciado a respeito da situação financeira da unidade e ainda sobre a destinação da verba descontada nos vencimentos dos policiais para a construção da policlínica.

Um documento então foi oficializado ao diretor-geral do SAS/PM, requisitando as informações conforme o solicitado, mas em resposta o Conselho Fiscal recebeu ofício dizendo que não haveria condições de fornecer. O documento resultado da assembleia geral no qual foram deliberados os descontos não foi repassado para a gestão anterior.

“Ficou claro que mais uma vez os recursos provenientes dos associados foram usados de forma inadequada, até que se prove o contrário. Nunca nos foi dada uma satisfação no que foi aplicado esse dinheiro ou se retornou para a entidade, pois já que foi emprestado aos sócios, deveria estar em caixa novamente”, criticou.

Ainda segundo o sargento, até mesmo o convênio do SAS/PM com lojas foi suspenso. O valor descontado dos sócios não estaria sendo repassado às lojas conveniadas. Alguns associados estariam até com o nome com restrições na praça devido a este problema.

“Mais do que ver os culpados condenados, gostaríamos de ver o retorno dos recursos que teriam sido desviados do SAS/PM, para que possam ser empregados em benefícios aos seus associados”, enfatizou o sargento Valdinei.

OUTRO LADO – A Folha não conseguiu contato com os dois assessores de comunicação da Polícia Militar. Um estava com o celular desligado e o outro não atendeu as chamadas. Da mesma forma aconteceu com o comandante da PM, coronel Gleisson Vitória, que não atendeu as ligações da redação.  

Fonte: Folha de Boa Vista

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