segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ABPM DENUNCIA: Destacamentos da PM estão abandonados

 

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Neste destacamento, o mato praticamente impede o acesso ao local


Por: VANESSA LIMA


Mesmo após relatório elaborado pelo Comando de Policiamento do Interior (CPI) apontando a situação crítica dos destacamentos, pelotões e casas de apoio da Polícia Militar nos municípios do interior do Estado, a Associação dos Policiais e Bombeiros Militares de Roraima (APBM/RR) afirma que nenhuma providência foi tomada por parte do Comando da instituição. O quadro é ainda pior quanto à precariedade na estrutura, falta de efetivo e até unidades desativadas.

Na visão da entidade de classe, que esteve in loco verificando a realidade dos destacamentos, o descaso com as unidades do interior tem aumentado. São vários os problemas na parte de instalações elétricas e hidráulica, falta de equipamentos necessários para execução das atividades e até a ausência de segurança em reservas de armamentos.

Os meios de comunicação são insuficientes ou estão defeituosos, isso nas unidades que têm. A maioria das guarnições atende ao chamado da população em orelhões que ficam próximos aos destacamentos. Os dormitórios também se encontram em situação precária. Em uns não há nem mesmo colchão. Faltam ventiladores.


imagePoliciais preferem dormir em rede, dadas às más condições dos colchões


A jornada de trabalho dos policiais lotados nos destacamentos está totalmente em desacordo com o que é definido na Constituição, conforme a APBM. Nos períodos de suas folgas os militares não podem sair das unidades. Como o efetivo é insuficiente, os policiais ficam de sobreaviso e por diversas vezes são convocados para algumas missões.

 

imageA faxina dos banheiros, que também estão em péssimo estado, é feita pelos policiais, que compram o material de limpeza


No relatório concluído em março pelo CPI, foram identificados sete destacamentos sem condições de funcionar devido à falta de policiais. O previsto para atender as 39 unidades existentes em Roraima seria de aproximadamente 528 policias militares, mas somente 204 estariam atuando nos locais.

No distrito de Entre Rios, em Caroebe, o previsto seria que cinco homens formassem o efetivo, mas não tinha nenhum policial. A situação em Campos Novos, em Iracema, estava igual. Para garantir a segurança na região seriam necessários seis policiais militares.

“O policial às vezes tem que se omitir a atender alguma ocorrência por estar sozinho. Na norma operacional da corporação está clara a impossibilidade de um único policial atender a uma ocorrência, porque coloca sua integridade física em risco e o patrimônio. A finalidade de um policial sozinho é unicamente para estatística”, destacou a coordenadora-geral da APBM, Quésia Mendonça.

Além da falta de efetivo, em alguns destacamentos não há viaturas para atender as diligências. Os policiais são obrigados a fazer faxina nas unidades e, para isso, tiram do próprio bolso dinheiro para comprar material de limpeza, já que não é fornecido.

Os militares precisam levar água mineral de casa. Nas unidades que têm caixa d’água, não é feita manutenção ou mesmo limpeza. Isso reflete na saúde dos policiais. Vários já tiveram quadro de diarreia devido à má qualidade da água.

“Fizemos um relatório com o retrato da situação encontrada nos destacamentos, mas nunca tivemos a oportunidade de entregar para o comandante da PM [Gleysson Vitória]. Encontramos sempre uma barreira com ele, que tem uma visão de que a entidade deva participar apenas de atividades de lazer e que de forma alguma deva sentar para discutir com a categoria”, disse a coordenadora-geral da APBM.

OUTRO LADO – A Folha tentou contato com o comandante-geral da PM, coronel Gleysson Vitória, mas até o fechamento da matéria não obteve êxito.

 

Transporte de combustível para o interior coloca em risco vida de policiais

 

imageAlém de ser transportado de forma inadequada, o armazenamento do combustível também é precário.


A APBM
denunciou ainda que o transporte de combustível para os destacamentos do interior continua sendo feito fora dos padrões, em viaturas administrativas, colocando em risco a vida dos policiais que são designados para realizar o serviço.

Conforme informações repassadas pela entidade de classe, o Código de Trânsito Brasileiro (lei nº 9.503/1997) afirma que "o transporte de carga em veículos destinados ao transporte de passageiros só pode ser realizado de acordo com as normas estabelecidas pelo Contran".

Entretanto, a PM estaria em desacordo com a resolução nº 26, de 21 de maio de 1998, a qual proíbe o transporte de produtos considerados perigosos em veículos de transporte de passageiros. Além disso, não respeita a resolução nº 601/82, do Conselho Nacional de Trânsito, a qual não permite a circulação de veículos da espécie automóvel conduzindo combustíveis em recipientes de qualquer natureza.

“O Detran [Departamento Estadual de Trânsito] e a Polícia Rodoviária Federal receberão dentro de alguns dias uma representação versando sobre essa conduta irregular que vem sendo realizada com a ciência de gestores da Corporação Militar”, informou o coordenador jurídico da APBM, Junot Brito.

Brito lembrou do caso do policial militar José Francisco dos Santos Raposo, o soldado Raposo, que morreu em fevereiro do ano passado, após capotar a viatura que dirigia na estrada de acesso ao município de Normandia.

O militar seguia na viatura com a esposa e filhos e o sargento Ilmar, que sobreviveram com alguns ferimentos. Francisco seguia com tambores na carroceria da L-200 para manter a ação policial da PM em Normandia durante os festejos de Carnaval. (V.L.)

Fonte: Folha de Boa Vista

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