quinta-feira, 29 de abril de 2010

Destacamento e delegacias estão passando por sérias dificuldades

Os policiais militares e civis que trabalham no interior do Estado continuam reclamando de falta de estrutura. Eles dizem que até agora pouco foi feito para resolver os problemas de falta de viatura, efetivo e melhores condições de trabalho, a fim de garantir a segurança dos moradores dessas localidades, que exigem mais segurança.

A Folha tem recebido, nos últimos meses, diversas ligações telefônicas e e-mails de pessoas que estão se sentindo inseguras e principalmente insatisfeitas com o trabalho da polícia em localidades como Bonfim e Normandia, por exemplo.

“Onde está a polícia? Não vemos mais rondas na cidade. Sabemos que a culpa não é dos policiais que estão aqui diariamente, também se arriscando para trabalhar, pondo também suas vidas em xeque. Por que os crimes demoram tanto para serem solucionados? Por que as viaturas quase sempre estão quebradas ou sem combustível? O que está acontecendo? Se não tem efetivo o suficiente, por que não realizar um concurso público? Para onde vai tanto recurso destinado a esses fins?”, diz o e-mail de um leitor de Bonfim.

Outra moradora, dessa vez de Normandia, relata: “Até pouco tempo nem os telefones do destacamento da PM e das delegacias da Civil estavam funcionando. Estavam cortados, agora só recebem. Andamos nas ruas a mercê da sorte. Sabemos, é claro, que a quantidade de crimes é proporcional ao número de moradores, que é bem inferior ao da capital, mas eles existem”.

A Folha conversou em dias alternados, durante algumas semanas, com policiais da PM e da Civil dessas e de outras localidades, que pediram para não serem identificados, e apurou que a situação realmente é complicada.

Além da precariedade das viaturas e da falta de efetivo, também existe a questão dos armamentos, que já estão defasados, e munições, além dos coletes à prova de bala.

“Aqui no destacamento do Bonfim, temos duas motos e uma única viatura. São 12 policiais que trabalham em forma de plantão de 12h por 48h”, disse um militar. A Folha constatou que o telefone só recebe ligações e, durante o dia, ficam apenas dois militares, um no destacamento e o outro faz a segurança da comarca. Se acontecer uma ocorrência, fica impossível atendê-la, pois o policial não pode deixar o setor abandonado.

Na delegacia do mesmo Município, que também é responsável por todas as comunidades próximas, assim como do município de Normandia, a situação se repete. “Às vezes, temos só duas pessoas de plantão, um escrivão e o delegado, que se desdobra para atender procedimentos dos dois município e problemas que só podem ser resolvidos em Boa Vista”, disse.

“Aqui existem crimes de todos os tipos, do mais brando ao mais grave, como estupro e homicídio. Mas, fazer o quê? Trabalhamos com as condições mínimas que nos oferecem. Pelo visto, não adianta reclamar, fazer matéria [no jornal], denunciar, pois quase nada é feito. A novidade é que, para nós em Bonfim, vão mandar mais três agentes e uma viatura que chegou, mas isso não é o suficiente”, disse um policial.

PM – A Folha entrou em contato com o comandante da PM, coronel Vitória, que estava em um evento no Amazonas. Ele solicitou que procurasse o subcomandante, coronel Granjeiro, que estava com o telefone celular desligado e não foi encontrado no convencional.

O tenente-coronel Vasco, responsável pela Corregedoria e que também está respondendo pelo Comando de Policiamento do Interior (CPI), disse que o “assunto é de conhecimento do governo e de responsabilidade do primeiro escalão”.

PC – A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública enviou a seguinte resposta sobre as reclamações dos moradores. “A equipe da Delegacia de Bonfim e de Normandia não estaria dando resposta em relação aos crimes que estariam ocorrendo naquela região. O delegado-geral de Polícia, Eduardo Wayner Santos Brasileiro, não pretende polemizar quanto às acusações, mas destacou que são infundadas”.

Sem citar número de ocorrência realizada mensalmente naquela região e o efetivo da Polícia Civil, Eduardo Wayner respondeu em nota que a equipe dos dois municípios é coordenada pelo delegado Rodrigo Kulay. Ele avaliou o delegado como excelente profissional, operacional e que tem trabalhado intensamente visando não somente a esclarecer crimes, como também a fazer a gestão administrativa nessas unidades policiais.

“O delegado Rodrigo Kulay, ao assumir as duas delegacias, já esclareceu a morte de uma adolescente ocorrida naquela região, considerado um crime complexo, já realizou várias operações policiais com êxito e tem procurado trabalhar de forma a dar uma resposta satisfatória à sociedade. Portanto, vejo como infundada estas declarações. A equipe tem o apoio da Delegacia Geral, e vamos fazer frente para que a cada dia o trabalho seja melhorado”, disse o delegado-geral.

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